A sugestão da academia já foi encaminhada ao Ministério de Minas e Energia.
O diretor de Tecnologia e Inovação da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Segen Estefen, declarou que o primeiro vazamento na área do pré-sal, ocorrido na última terça-feira (31) em um poço operado pela Petrobras na Bacia de Santos, reforça a necessidade de criação, no País, de um centro de monitoramento e prevenção de acidentes no mar.
A Petrobras dispõe de nove Centros de Defesa Ambiental (CDA) que atuam no combate a vazamentos de óleo e outras emergências no mar. São os CDAs do Rio de Janeiro, de Macaé, São Paulo, da Bahia, do Sul, Centro-Oeste, Rio Grande do Norte, Maranhão e da Amazônia. Segundo informou a assessoria de imprensa da estatal, "os centros estão à disposição também para atender a outros acidentes com outras empresas, não só de petróleo".
A Petrobras informou ainda que, embora não disponha de uma unidade específica de prevenção de acidentes no mar, essa preocupação está presente em todos os órgãos operacionais. "Não tem um centro específico para isso, mas o próprio Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) tem áreas que estudam isso", esclareceu a estatal.
Segen Estefen avaliou, porém, que é preciso ter procedimentos bem definidos de prevenção que possam ser usados ao longo dos próximos anos. "A produção de petróleo vai se intensificar, a probabilidade de vazamentos vai aumentar e nós temos que ter um grupo de especialistas focados nesse assunto", defendeu ele. Embora o volume de óleo vazado na Bacia de Campos tenha sido pequeno, estimado em 25,5 mil litros, e tenha ocorrido longe da costa (a 250 quilômetros de Ilhabela, em São Paulo), "isso não deve servir de consolo para que nós não façamos nada".
Estefen reforçou que o Brasil tem de desenvolver procedimentos adequados para minimizar os impactos dos vazamentos e, também, para estancá-los. Para isso, precisa ter profissionais trabalhando de forma contínua, que priorizem a proteção ambiental. O centro deverá ser coordenado pela Coppe, mas estará aberto à participação de pesquisadores e especialistas de outras instituições. E vai se articular com programas de pesquisa e desenvolvimento dedicados às questões ligadas ao meio ambiente marítimo. "Além da vigilância que devemos ter do mar, através de imagens de satélite, que hoje já estão disponíveis na Coppe, nós temos que dar ênfase à maior confiabilidade dos equipamentos e das operações ligadas à exploração e produção de petróleo no mar".
Multa - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multará a Petrobras em R$ 50 milhões pelo vazamento de petróleo ocorrido na Bacia de Santos, a 250 km de Ilhabela, litoral de São Paulo. Foi o primeiro vazamento importante registrado na exploração da camada pré-sal.
A decisão de multar a Petrobras foi tomada pelo valor máximo previsto na lei brasileira. A justificativa será o lançamento de petróleo ao mar. Outras multas podem ser aplicadas conforme as investigações sobre as responsabilidades forem concluídas. O Ministério Público Federal em São José dos Campos instaurou ontem (1º) inquérito civil público para apurar as causas do vazamento. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) também deve autuar a Petrobrás pelo vazamento.
A Marinha enviou uma embarcação e fez ontem sobrevoo sobre a região do campo de Carioca Nordeste, de onde teriam vazado 25,5 mil litros de petróleo, o equivalente a 160 barris. Em nota, a Marinha informou que "foram avistadas manchas dispersas, em uma área aproximada de 70 km², compostas de uma fina camada de óleo". A mancha "se desloca para o sudoeste", o que confirmaria a "baixa possibilidade de o óleo alcançar o continente".
A Petrobras poderá recorrer tanto da multa do Ibama quanto das autuações da ANP. A petroleira não quis comentar a possibilidade de vir a ser punida pelo acidente em Carioca Norte, supostamente provocado pelo rompimento de um duto (coluna de produção, no jargão da indústria do petróleo) que ligava o subsolo marinho ao navio-plataforma Dynamic Producer. A produção no poço está suspensa.
Em nota, a Petrobras informou que "a modelagem das correntes marítimas indica que o óleo não chegará à costa" e que "não há mais vazamento". Com o rompimento da coluna, diz o comunicado, "o sistema de segurança fechou automaticamente o poço, que parou de produzir".
A Petrobras informou estar empregando cinco embarcações, sendo três recolhedoras de óleo. As outras duas fazem a dispersão mecânica do restante do petróleo. "Com o trabalho de contenção, a Petrobras está tomando todas as providências para que o óleo vazado não cause prejuízo à vida marinha", diz a companhia no comunicado.
(Informações da Agência Brasil e Agência Estado)