Artigo: Pesquisadores da UFRJ e da Fiocruz desvendam um dos maiores segredos da Neurociência dos últimos 170 anos
29/08/2022

Phineas Gage foi um operário americano que viveu entre os anos 1820 e 1860. Sua vida foi marcada por um grave acidente aos 25 anos que foi ocasionado pela perfuração de seu cérebro por uma barra metálica. Phineas teve seu comportamento completamente alterado, apresentando mudanças drásticas em sua personalidade. O caso de Phineas Gage, um dos casos mais famosos da Neurociência e da Neurologia, tem intrigado sucessivas gerações de neurocientistas, sem, contudo, termos uma compreensão do processo envolvido nesta impressionante disfunção cerebral.

O trabalho de tese de Doutorado do aluno Pedro de Freitas, orientado pelo Dr Renato Rozental (orientador do trabalho supramencionado), na Pós-Gradução do curso de Medicina (Anatomia Patológica), da Faculdade de Medicina da UFRJ, desvenda, pela primeira vez na história, o processo biológico implicado nesta disfunção cerebral. Em sua tese de Doutorado Pedro mostrou que as modificações funcionais do córtex prefrontal, uma região do cérebro encontrada apenas em seres humanos, são responsáveis pelas alterações ora observadas no comportamento de Phineas Gage. Este trabalho longitudinal multidisciplinar teve início há 9 anos atrás e vem sendo desenvolvido desde então em colaboração com líderes científicos internacionais. O trabalho conta com a co-autoria do Dr Rodolfo Llinás, pesquisador da New York University e indicado duas vezes  para o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia, do Dr Michael Bennett, do Albert Einstein College of Medicine/New York/USA e o maior especialista mundial nos mecanismos de comunicação celular por proteínas da família “gap junctions”, do Dr Elkhonon Goldberg, da New York University e membro do grupo do prof. Lúria (1902-1977), o grande criador do "campo da Neuropsicologia" e atual Diretor do Instituto Lúria, New York/USA do Dr Mario Fiorani, professor titular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho/UFRJ e o Dr Marcos Martins, médico do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho/UFRJ. O trabalho também contou com a participação ativa do Dr Oliver Sacks (da NYU/USA), um dos maiores nomes da área de neurologia da atualidade, até Agosto 2015, data de seu falecimento

O artigo, de livre acesso para a comunidade científica, pode ser apreciado na íntegra através do site da revista The Lancet (Health) e tem o potencial de apresentar um novo alvo para tratamentos médicos após o traumatismo cranioencefálico, com profundos impactos na modulação do comportamento humano, nas tomada de decisões, na análise de risco/recompensa e nas funções intelectuais que são reguladas pela atividade elétrica cerebral.

Confira o artigo completo no The Lancet clicando aqui.