Com o aumento dos casos do novo coronavírus, cresce, também, a expectativa em torno de medicamentos para ajudar no enfrentamento da pandemia. Por ser um vírus novo, a busca por um tratamento confiável precisa de rigorosos estudos, tanto para avaliar a eficácia de medicamentos já existentes, quanto para produzir uma nova substância que atue de forma segura e favorável. Para entender o processo de desenvolvimento de medicamentos, a equipe do COVID-19 Divulgação Científica entrevistou Eliezer Barreiro, bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Coordenador do Instituto Nacional de Fármacos e Medicamentos (INCT-INOFAR), projeto apoiado pelo CNPq, Eliezer Barreiro esclarece que, para que os remédios cheguem até as prateleiras das farmácias, é necessário um trabalho extenso de pesquisas com profissionais de diferentes áreas da ciência. "Este processo é basicamente multidisciplinar. E, por incrível que pareça, ele tem um componente híbrido de disciplinas das ciências biológicas, da saúde e disciplinas das ciências exatas. Esse processo, para um efeito que não seja acelerado vai de 6, 8 a 10 anos", afirma.
O pesquisador explica que a etapa mais longa e custosa do processo de desenvolvimento de um medicamento é a de testes clínicos, a fase de segurança efetiva, realizada em humanos. E completa: "esses ensaios clínicos costumam ser validados com um número de pacientes adequados, um número de pessoas sadias e, também, significativo, representativo de gênero, idade, etc, para que você tenha uma distribuição de amostras bastante significativa".
Além disso, Eliezer afirma que, muitas vezes, o medicamento que se mostra eficaz nos testes em laboratório não apresenta os mesmos resultados em humanos. "Você tem que, em 99% das vezes, fazer ensaio em animais de laboratório antes de ir para os humanos. Mas o que funcionou no animal pode não funcionar no homem, pois a capacidade de absorção, metabolização e distribuição é diferente", explica.
O pesquisador cita que o desafio para os pesquisadores é calcular uma dosagem do remédio que seja, ao mesmo tempo, eficiente e segura para as pessoas. "Um idoso como eu é diferente, em termos da sua capacidade de metabolização pelo fígado, de um adulto sadio. A gestante é diferente da não gestante. Então, nós temos uma variabilidade que faz com que os estudos sejam, necessariamente, feitos com muito rigor", aponta Eliezer.
Segundo ele, uma aliada do desenvolvimento de novos medicamentos é a informática. Um estudo do INCT coordenado por Eliezer, por exemplo, usa um programa de computador para identificar moléculas que têm potencial para serem utilizadas como fármacos contra o novo coronavírus. Eliezer explica que o grupo tem mais de 2.300 moléculas obtidas em projetos visando fármacos e que, com estudos computacionais, a partir de alvos já descritos nos bancos de dados de proteína, isolados e caracterizados da COVID, buscam identificar moléculas que interfiram na evolução do ciclo do vírus. "Para cada uma dessas moléculas, nós temos amostras físicas para fazer os ensaios que possam ser feitos in vitro para validar os resultados computacionais", conclui.
O COVID19 DivulgAÇÃO Científica é uma iniciativa do Instituto Nacional de Comunicação da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), sediado na Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Fonte: Site CNPq (Adaptada)
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