CNPq e INPI discutem a Open Innovation e os desafios para o País
01/08/2012

Os presidentes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, e do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), Jorge Ávila, participaram da mesa-redonda "Open Innovation INPI e CNPq", realizada durante a 64ª Reunião Anual da SBPC, em São Luís, que foi conduzida pelo presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes), Jorge Guimarães.

Os principais temas tratados na mesa foram cenários nacionais e internacionais da ciência e tecnologia, avanços e fragilidade no campo da inovação, propriedade intelectual e desafios para superar as novas contingências da economia globalizada com alta competitividade.

Oliva começou apresentando o cenário de crescimento da ciência na última década, com o aumento no número de pesquisas e de artigos científicos no país, além do crescimento no número de professores com doutorado nas instituições de ensino superior e elevação nos quantitativos de ingressos na graduação e de currículos na Plataforma Lattes. Em contraponto, apresentou informações que demonstram situação oposta na área tecnológica, citando como indicadores o baixo número de patentes brasileiras registradas no Escritório Americano e o comparativo da capacidade de investimento em ciência e tecnologia do Brasil com a Coréia do Sul, o Japão, a Alemanha e os EUA.

"Na última década, dados apontam que estamos aprofundando nossa dependência tecnológica. Temos dificuldades na balança comercial brasileira em cinco setores considerados de média e de alta intensidade tecnológica, como farmacêutico, tecnologias da informação e comunicação, complexo industrial da saúde, química e máquinas e equipamentos", completou Oliva.

Open innovation - De acordo com o presidente do CNPq, os desafios a serem enfrentados são gerar inovação e patentes, qualificar pessoal para inovação nas empresas, promover o investimento em inovação pelas empresas, atrair talentos para a ciência, melhorar a educação básica e melhorar a percepção da sociedade sobre o valor e a importância da ciência. "A ciência brasileira não pode se abster de olhar de frente para esses desafios e enfrentá-los. Para que seja rico e sem pobreza o país precisa inovar efetivamente", disse Oliva.

Para isso, há necessidade de estimular a open innovation, que significa procurar competências complementares fora do ambiente institucional ou empresarias e desenvolver projetos conjuntos. "Quero inovar, não sei fazer sozinho e vou procurar fora de onde estou outro ator para desenvolver projetos conjuntos, por meio de licenciamento de opção, acordos de financiamento de pesquisa, criação de empresas dentro de centros universitários, realização de chamadas de projetos por empresas, estágios, consultorias, doações por empresas, entre outras", disse.

Industrialização e inovação - Jorge Ávila, presidente do INPI, destacou que o Brasil é um país de industrialização tardia, que se baseou basicamente na aquisição de competências tecnológicas desenvolvidas, essencialmente, fora. "Nós temos que enfrentar a realidade de um processo histórico. Não houve um ambiente de estímulo ao processo de inovação. É natural que se parta de um processo de industrialização imitativo para a inserção de modelo baseado na inovação no campo da propriedade intelectual. Para construir o ambiente adequado é necessária a compreensão da maneira como o processo inovativo se dá no mundo, e a open inovation não é uma escolha, mas uma contingência", afirmou o presidente do INPI.

De acordo com Ávila, a open innovation, ou inovação aberta, é a denominação que se associa à relação em que nenhum ator detém sozinho todas as competências e capacitações necessárias para fazer inovação. "O esforço de inovação passa a se organizar na forma de redes colaborativas que associam competências e capacidades complementares, com diferentes tecnologias, acesso a financiamentos diversos, disponibilidade de capacidade de produção, inventiva e comercial dispersas em diversos parceiros", afirma.

Segundo o presidente do INPI, a inovação não é sinônimo de invenção, mas de ser capaz de levar solução tecnológica nova para o mercado, e o sistema de propriedade intelectual desempenha papel significativo dentro deste contexto. O Brasil tem o desafio de estimular o aumento de investimentos das empresas em inovação, mas precisa oferecer ao investidor privado um ambiente de adequada proteção dos seus direitos de propriedade intelectual. Outro desafio é criar uma cultura de inovação e uma adequada preparação para constituir ativos negociáveis. "Desenhar patentes e construir portfólios de direitos é uma coisa natural para um segmento muito fino no Brasil, mas é preciso que um número maior entenda o sistema de inovação, proteja os seus ativos e celebre os melhores contratos", concluiu Ávila.
(Ascom do CNPq)